Curiosidades

 

Algumas coisas que achamos interessantes, diferentes, curiosas...

A cidade de Nantes
Custo de vida
Comida
Transporte público
Saúde

A cidade de Nantes

Até 50 anos atrás Nantes fazia parte da região da Bretanha, mas, por questões políticas, foi separada da sua região original e hoje é a capital da região chamada Pays-de-la-Loire (dá pra imaginar que uma região é mais ou menos como um estado no Brasil). Tem em torno de 550.000 habitantes, dos quais muitos são estudantes. É considerada uma das melhores cidades da França em qualidade de vida e fica às margens do rio Loire, conhecido pela grande quantidade de castelos que possui ao longo de sua extensão.

A cidade é muito agradável e extremamente segura. Já andamos com muito dinheiro no bolso e não tivemos medo. Além disso, caminhamos muito e andamos de ônibus e tram o tempo todo.

Apesar de ser uma cidade grande (para os padrões franceses) ela tem um ritmo de cidade de interior. Grande parte do comércio fecha para o almoço e no máximo às 19h30 quase tudo já está fechado. Domingo, pouquíssimas coisas abrem (na verdade, só conhecemos um mercado aqui perto de casa que abre das nove ao meio dia). Demoramos um pouco para nos acostumarmos a esse ritmo. Reclamamos muito no começo até nos darmos conta de que a gente é que corre demais e que esse é um ritmo de vida saudável!

Uma coisa que nos chamou a atenção é que tem alguns lugares na cidade em que os prédios estão completamente tortos! É uma concentração de torres de Pizza, só que são prédios inteiros! E as pessoas vivem neles! É incrível. Vamos fazer algumas fotos para colocar aqui, temos apenas uma, mas que não mostra exatamente o que vemos...

PA250312.JPG (339137 bytes)

Clique a foto para vê-la aumentada e observe os últimos prédios, bem do final... Quem os segura são os outros, com certeza. Como esses tem outros ainda mais tortos...

Topo

Custo de vida

Soubemos que Nantes não é uma cidade barata. Mas também não é tão cara quanto Paris!

O que percebemos é o seguinte: se considerarmos apenas os valores absolutos, o custo de vida aqui é semelhante ao de uma cidade como Curitiba (o pessoal de Castro e Arapoti ainda vai achar altos os preços, mas comparar com o interior seria muita covardia...). Isso quer dizer que o número que vemos como preço é semelhante. Por exemplo, o Kg da carne fica entre 5 e 15, um xerox custa 0.10, o Kg da banana custa 1.50, o litro do leite sai por 0.80, um mês de academia fica por 60, a passagem de ônibus unitária custa 1,20 (sobre isso é bom ver mais detalhes adiante).

É claro que todos esses valores são em Euros e que, se forem convertidos para o Real, vão parecer altos. Mas é exatamente o que não fazemos! Não dá pra converter de Euro para Real. Se fizéssemos isso, os preços das coisas aqui cairiam em uma de quatro categorias: caro, caríssimo, absurdo e fora de cogitação!!! Como precisamos comer, nos vestir, passear, sobreviver enfim, deixamos a calculadora (mesmo mental) de lado. Isso teve um efeito colateral interessante! Chegamos mesmo a conseguir achar algumas coisas baratas! Exemplos: Nutella, Ferrero Rocher, Hägeen-Daz, chocolate, camembert, vinho...  (só besteira...)

Por isso, quando alguém encontrar algum comentário nosso do tipo "isso é barato", por favor não deve pensar que ficamos loucos, que estamos rasgando dinheiro ou, pior, que ficamos ricos (aliás, pedidos de empréstimo correm o risco de receber como resposta um pedido do mesmo tipo...). É importante ter em mente que temos um orçamento em Euros e fazemos nossas relações com base nisso.

Portanto, para viver aqui, sem nenhum luxo, em três pessoas como estamos agora, é necessária uma renda de 1500 Euros. Não dá pra passear, nem comprar coisas, mas dá pra viver com um certo conforto.

Topo

Comida

A pergunta mais freqüente que ouvimos é: tem feijão?

Sim! Tem feijão! É caro (3,30 o Kg), tem poucas variedades (não tem feijão preto), mas dá pra quebrar bem o galho. Não somos fanáticos por feijão, por isso não fazemos todos os dias (nem mesmo toda semana), mas já fiz até Feijão Mexicano por aqui.

Na verdade, a comida não é muito diferente. Temos feito compra no Carrefour e nessas grandes lojas eles procuram fazer tudo igual no mundo inteiro. Então, quando estamos lá dentro não sentimos muita diferença. Isso é bom e também não é. É bom porque ficamos mais seguros. Mas, ao mesmo tempo, não temos o gostinho de conhecer uma coisa diferente...  Mesmo assim, demorei bastante até conseguir fazer compras. Na primeira vez, demorei uma hora e meia para comprar o suficiente para um café da manhã e uma janta. E olhe que comprei comida pronta para a janta! Tudo eu tinha de traduzir. Algumas marcas são as mesmas daí (Nestlé, Maggi, Kellog's, Omo, Ariel, Dove, Nivea, L'Oreal...). Só que essas são geralmente as mais caras. Então eu tinha de ficar procurando as coisas nas prateleiras! Além disso, algumas embalagens são bem diferentes, o que torna difícil encontrar o produto. O sal, por exemplo. Geralmente, ele vem em caixas e não em saquinho. Se a gente não ler o que está escrito, não acha de jeito nenhum. Além disso, o mais comum é o sal grosso. Demorei para achar o refinado e, mesmo assim, ele não é tão fininho como o daí.

O leite em pó também é engraçado. Vem em caixas e não em lata. A primeira vez que o Felipe me viu fazendo a mamadeira dele me perguntou: "Mamãe,você vai colocar sabão em pó no meu mama?". Dei risada, mas ele tinha razão. Parecia uma caixa de sabão em pó, mesmo. Agora abandonamos o leite em pó.É muito ruim! Estamos tomando só o leite de caixinha mesmo...  

Tem outras coisas diferentes: o fermento vem em saquinhos (em doses individuais); não existe adoçante líquido, só em pó; tem vários tipos de farinha de trigo (ainda vou ter de estudá-los... ) e a Maizena é para ser colocada no leite fervendo! Na primeira vez que fui usar não acreditei no que estava escrito na caixa e dissolvi no leite frio. A partir da segunda vez resolvi experimentar... E não é que dá certo mesmo? Não fica nem uma bolinha. É uma maravilha!  

Embora agora eu já tenha encontrado o arroz comum, tenho comprado só o arroz que cozinha dentro do pacotinho. Ele não é tão gostoso quanto o outro, mas em compensação nunca dá errado. Eu era a campeã em queimar o arroz. Além disso, não fica nada grudado na panela, já que a gente coloca o saquinho para cozinhar dentro da água fervendo. Depois de 10 minutos, abre o saquinho e põe na travessa. Está pronto! É uma facilidade.  

Tenho feito carne todos os dias. Estrogonof, almôndega, bolo salgado, carne de porco, lingüiça, frango com aspargos, torta de frango, lasanha, "caça-marido"... Isso não é nada diferente do que comíamos aí. A diferença é que nem sempre faço arroz para acompanhar. Aqui eles têm o costume de acompanhar as carnes de molho com purê de barata. Aliás, no pacote de batata no mercado vem escrito para o que ela serve (purê, salada, fritura...). Gostamos muito do purê e, com o processador, é muito fácil de fazer. Deixo para fazer feijão quando a carne não tem molho (bife de carne moída, bolo de carne, bisteca de porco, lingüiça...). Sempre frito um pouquinho de bacon para temperar e ele fica bem bom. É claro que não é igual ao feijão daí, mas já "quebra um galho".  Para cozinhá-lo, compramos uma panela de pressão de inox! Todas as panelas de pressão daqui são de inox. É bem legal e diferente daquelas que temos aí. Mesmo sendo pesada, essa nós vamos levar para o Brasil quando formos embora. Aliás, não é uma panela de pressão, é um "caldeirão" de pressão. Ela tem capacidade para 8 litros (foi a menor que encontramos!). Quando vou cozinhar feijão é até engraçado. Faço metade de um pacotinho, o que dá umas 250g. Naquele panelão, fica só o fundinho preenchido... É quase "um canhão para matar uma mosquinha".

Verduras e frutas são praticamente as mesmas. Observei que eles têm mais de 8 variedades de maçã. Já vi (e já comprei algumas) por aqui banana, laranja, maracujá, abacaxi, melão, manga e até carambola! Mostrei para o Felipe, mas ele não quis levar (foi bom, não era muito barato mesmo!). Quando chegamos estava no final da estação de pêssegos. Eram frutas enormes e deliciosas. Não sabíamos que era fim de estação, senão teríamos comprado mais! Agora a gente não acha de jeito nenhum...  No momento, a fruta da estação é a mexerica (vem da Espanha e chama Clementine por aqui. Geralmente não tem semente e é muito boa).

Tem salsinha (que é bem diferente da nossa aí) mas não é comum a cebolinha fresca. Até tem, mas é mais fácil achar seca em potinhos. De resto, tempero é o que não falta aqui. Os franceses são chegados em ervas... Tem vários tipos de cebola e os alhos são super branquinhos e grandes. Eles usam bastante louro e tomilho. Na seção de temperos prontos, além dos nossos conhecidos caldo de carne e de galinha, tem vários outros "caldos": bouquet garni (um conjunto de temperos), legumes, basilic (manjericão) com azeite de oliva, e outros mais. Dá pra perceber a preocupação que eles têm com a culinária. Tudo é super elaborado, bem decorado e muito gostoso. Na TV por assinatura que fizemos tem dois canais só de culinária. Já peguei um monte de receitas e espero voltar quase "chef de cuisine"! Me aguardem!

Muito importante! Tem leite condensado!!! Já fiz brigadeiro, pudim de leite, saia e blusa! Eles têm a latinha normal e também a lata de 1 Kg. O que eu não achei ainda exatamente como aí foi o creme de leite. Já comprei vários tipos, mas eles são mais líquidos. Recebi a dica de comprar o que eles chamam de "crème fraiche", mas isso é o que conhecemos por nata. Pelo menos, tem o mesmo azedinho... Acho que não vou encontrar o creme de leite como o Nestlé ou o Glória de lata que usamos por aí. É uma pena porque restringe várias sobremesas...

O que é muito bom por aqui é a parte de embutidos e frios (que eles chamam de charcuterie). Tem muita linguiça, presunto e outras coisas do gênero. No quesito carnes, é claro que a carne de boi deles não chega nem perto da nossa, mas eles têm uma variedade maior de "bichos" no mercado. Tem porco e frango, é claro, mas também tem  peru, pato, coelho, vitela, cordeiro, cavalo e muito peixe... Eu não sou chegada nessas coisas estranhas, vocês sabem, mas existe a possibilidades de fazer facilmente uma comida com uma carne diferente.

Vinho é coisa séria! Qualquer mercadinho de esquina tem uma variedade imensa de vinhos. Livros de receita recomendam um vinho para cada prato a ser servido (mesmo sobremesa), e as lojas de eletrodomésticos têm vários modelos de adegas (parecidas com geladeiras). Normal! Estamos no país dos vinhos, não é verdade?

E um capítulo à parte: pães e bolos! Esses dias comi um pão francês de verdade!!! Eles têm a casca mais dura do que o nosso pãozinho daí, mas são muito bons. Além disso tem uma verdadeira infinidade de tipos de pães, bolos, bolinhos, bolachas, etc., etc., etc... Vocês podem imaginar como eu estou "triste" com isso...

Topo

Transporte público

Temos duas maneiras de locomoção: ônibus e tramways. São três as linhas dos trams (tipo de bonde elétrico) e eles circulam o dia todo de maneira bastante freqüente.

Fora dos trams, principalmente nas cidades vizinhas (onde moramos, por exemplo) o transporte é feito por ônibus. Esses já são mais demorados (passam de 20 em 20 minutos os mais freqüentes, e de meia em meia hora, os menos freqüentes). Alguns não circulam nos domingos e feriados e todos deixam de circular pouco antes das nove da noite (alguns circulam pela última vez às 19h00). Quando as linhas normais encerram as atividades, começam algumas linhas noturnas que passam de hora em hora. Já tivemos algumas experiências tristes por não saber disso...

Tanto para ônibus quando para trams temos à disposição (nos pontos, em casa, na Internet...) todos os horários em que eles passam. Fica fácil se programar.

A passagem custa 1,20 se for comprada isoladamente. Mas dificilmente fazemos isso. Compramos tickets de duas passagens (2 Euros) ou blocos com 10 (9,60). Para o Felipe, compramos o bloco de tarifa reduzida (10 passagens a 5,60) e o Vidal tem uma carta mensal que custa 36 Euros e dá direito a viagens ilimitadas entre o primeiro e o último dia do mês. Cada ticket dá direito a viajar por uma hora, mesmo que a gente troque de tram ou ônibus. Se eu for ao centro de Saint-Sebastien para alguma coisa rapidinha, por exemplo, posso ir e voltar com o mesmo ticket.

No momento em que entramos no ônibus ou tram, carimbamos o ticket e ficamos com ele até completar uma hora. A fiscalização é feita ao acaso. De repente, entram um monte de fiscais que pedem para ver os tickets. Estar sem eles significa passar uma vergonha grande (ser expulso do ônibus ou tram, por exemplo), além de pagar uma multa de 34 Euros.

Topo

Saúde

Estamos segurados como os trabalhadores franceses. Isso significa que temos direito a sermos reembolsados por consultas, exames e remédios até um certo percentual (cada item tem um percentual diferente...). Gravidez a partir do 5o mês é garantida a 100%. Isso significa que eu nem pago consultas, remédios e exames (isso inclui o parto). Para o Vidal e o Felipe, geralmente os itens são pagos e depois reembolsados. Para a parte que não é reembolsada pelo sistema de saúde, fizemos um seguro privado no banco, pelo qual pagamos 70 Euros por mês. Isso significa que recebemos de volta 100% do que gastamos com saúde.

Normalmente, devemos procurar um clínico geral e é ele quem encaminha para um especialista (se for o caso). É o conceito do "médico de família" que conhece a pessoa, a família toda... O médico que consultamos cobrou 20 Euros a consulta. A ginecologista que procurei cobrou 40. Esse é o custo normal de uma consulta por aqui.

Topo

Voltar para o início