Primeiros dias

 

No quarto dia tivemos uma idéia que nos ajudou muito: montamos nosso computador. Com isso, o Felipe pôde assistir aos seus DVDs, brincar com seus jogos e ouvir música (em compensação nós não conseguimos mais assisitr à televisão, já que o único lugar para o micro era ao lado dela). O clima melhorou muito. Ele começou a regularizar o horário de dormir e a diminuir os choros e as perguntas difíceis de responder ("Por que ninguém vem visitar a gente?", "Por que nós não vamos para Arapoti/Quatro Barras?", "Por que eu não posso ir na casa do Lucas?", etc., etc., etc.).

Descobrimos que os horários comerciais da cidade não são nada amigáveis para nós, usuários. Nada abre antes das 9h00. Muita coisa, só às 9h30. Bancos e algumas lojas simplesmente não abrem às segundas-feiras pela manhã (em compensação, abrem aos sábados pela manhã). Quase tudo fecha entre 12h00 e 12h30. Reabre às 14h00 para fechar novamente entre 18h00 e 19h30. E fecha mesmo. Grandes lojas simplesmente apagam a luz e desaparecem todos os funcionários. A única opção é ir embora. Muitas vezes, as coisas fecham 5, 10 minutos antes do horário, por isso, não adianta chegar muito em cima da hora. Quando tem alguém para receber, não é com muita simpatia que esse atendimento é feito.

Como tudo fecha cedo, os ônibus também param de circular. Entre 20h00 e 21h00 passam os últimos. Depois disso, existem algumas linhas noturnas especiais, que circulam de hora em hora até, no máximo, meia noite. Taxis praticamente não existem. Há pontos, mas eles estão sempre vazios. Ninguém entende quando você pede para chamar um taxi, eles simplesmente não têm esse costume. Para poder usar um taxi é necessário ter um celular (ou telefone fixo, é claro) e saber o número, já que ninguém tem essa informação.

Existem shoppings, sempre junto com algum grande supermercado (Carrefour, Auchan, E Leclerc), mas eles ficam longe do centro de Nantes, portanto, longe dos tramways. Esses funcionam até um pouco mais tarde (21h00, geralmente). No primeiro sábado em que estávamos aqui, fomos até o Carrefour comprar algumas coisas (ferro de passar roupa, escorredor de louça, pano de prato, etc.). Ficamos até a loja fechar. Quando chegamos no ponto, descobrimos que o último ônibus tinha passado às 20h50. Resultado? Tivemos de esperar pelo especial noturno que só passaria às 22h07. Chá de ponto de ônibus!

Além dos supermercados, tínhamos muitos documentos para providenciar e saber francês ajudou muito. Fomos bem atendidos geralmente. É claro que teve pessoas antipáticas ou que não se esforçaram nem um pouco para serem claras nas explicações. Mas isso tem em qualquer lugar...

Nossa maior dificuldade foi com o aluguel. Não somos nós que decidimos quanto queremos pagar pelo aluguel, são as imobiliárias que determinam, com base na nossa renda que pode ser comprovada. Chegamos numa época em que os imóveis já estavam quase todos locados e os que existiam custavam mais do que eles achavam que podíamos pagar. Então, fomos ficando cada vez mais desesperados. Por fim, encontramos um apartamento em Saint-Sebastien sur Loire, uma cidade grudada em Nantes (existem várias, praticamente não dá pra perceber quando saímos de Nantes e entramos em outra cidade...). O apartamento tem apenas um quarto, mas o proprietário deste tem outro com dois quartos que ficará vago no início do próximo ano. É possível que nos mudemos para lá.

O importante é que, em 20 dias, estávamos com praticamente tudo resolvido (saúde, aluguel, celular, telefone fixo, Internet). A reunião para obtenção do visto permanente também já estava marcada. Agora é esperar por ela, pois algumas coisas como talão de cheques e alocações do governo francês, por exemplo, dependem de termos um documento chamado "Carte de séjour" que fica pronto somente depois dessa reunião.

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